O FANTASMA DO SOBREPESO
Gordura visceral e subcutânea — duas companhias indesejáveis para uma boa saúde —mas que estão a cada dia presentes em um número crescente de pessoas, especialmente crianças, adolescentes e jovens adultos. Das duas modalidades, a mais perigosa é a visceral, pois sua presença denuncia níveis altos de triglicérides, baixos níveis de colesterol HDL, resistência à ação da insulina e propensão à diabetes tipo II.
Descompassos
Há várias causas gerais que levam ao aparecimento da gordura visceral, como o sedentarismo, uso constante de computadores, laptops, (não pelo uso em si, mas porque isso implica em hábitos sedentários), dieta hipercalórica, entre outros. Entretanto, em nosso meio, há alguns fatores particularmente interessantes que atraem o sobrepeso.
Hábitos sedentários
O crescimento absurdo desse estilo de vida tem sacrificado a saúde de milhões de pessoas. Entre nossas fileiras não é diferente. Obreiros e pastores de décadas passadas usavam com muito mais frequência o transporte público, a bicicleta e o andar a pé para visitar pessoas. Antigamente havia mais colportores e as pessoas se mexiam mais. Hoje, além da decadência de hábitos de atividade física, houve o aumento dos hábitos de imobilidade, como o trabalho em postura constante (sentado) nos escritórios, que exercita o cérebro e não os músculos. Cada um deve programar exercícios físicos na sua agenda semanal.
Hábitos dietéticos
Em nível geral, os hábitos alimentares dos reformistas costumam promover uma ingestão de calorias além da necessidade. A predileção por assados que contêm grande quantidade de gordura saturada (queijos, molhos gordurosos, farinha branca), baixa ingestão de frutas e verduras, baixo consumo de cereais integrais, e o pior inimigo de todos — o comer em excesso —, têm sido os responsáveis pelo surto de sobrepeso no nosso meio.
Comer em excesso
Além de nos alimentarmos muito mal, temos o péssimo costume de comer demais. Esse hábito evidencia-se nos almoços coletivos em nossas conferências e congressos, nos pratos abarrotados de arroz, feijão, macarrão, glúten, farofa e assados. Um grande número de pessoas do nosso meio praticamente perdeu a noção da diferença entre quantidade e qualidade. Se parássemos para refletir sobre as necessidades reais de um corpo humano, ficaríamos assustados com alguns dados: uma colher de sopa de azeite extra virgem contém mais de 100 calorias!
Para usufruir dos grandes benefícios desse óleo natural não é necessário ingerir mais do que essa modesta quantidade por refeição. Duas castanhas-do-pará são mais do que suficientes. Para sedentários, duas ou três colheres de sopa de arroz (integral ou branco), uma ou duas de leguminosa (feijão, lentilha ou ervilha) constituem uma quantidade equilibrada. Se você for adepto(a) de assados, nunca se esqueça: uma fatia grande de pizza (uma das oito fatias de uma pizza tamanho família) de mozzarella contém 120 calorias, e se a manta de queijo for generosa, pode ultrapassar as 150 calorias facilmente.
Portanto, muito cuidado. Se investíssemos mais na mastigação demorada e menos na quantidade, veríamos uma incrível diferença. Apostar nos vegetais crus como entrada, mastigá-los bem, saboreando-os sem pressa, pode ser uma boa estratégia. Na hora de comer artigos mais calóricos na mesma refeição, você estará parcialmente saciado(a) e tenderá a comer menos. Cenoura crua, brócolis, tomate, couve-flor e folhas verdes são bons investimentos.
A refeição noturna
Para nossos irmãos, moradores de cidades agitadas e congestionadas, e que têm trabalho ativo, mas sedentário em sua natureza, digo: o grande desafio depois de um belo dia de serviço estressante é ter autocontrole na hora da refeição noturna. É menos difícil brigar com as calorias no lanche matinal e mesmo no almoço. Porém, na hora da janta... O ato de comer à noite ativa nossas mais queridas lembranças e está ligado a um momento de relaxamento, onde a pressão dos compromissos não existe, e não há a preocupação do retorno ao trabalho em determinado horário.
Tudo isso contribui para tornar esse momento em algo muito especial para a maioria das pessoas. Devia também ser a hora de maior preocupação, pois o consumo exagerado de calorias pode comprometer qualquer esforço saudável. Como resistir àquela pizza de sabor favorito, acompanhada de alguns copos daquele refrigerante espetacular?
O corpo precisa de três ou quatro horas de vigília após a última refeição para que a digestão se complete e o sono chegue de forma tranquila. Dificilmente as pessoas darão esse espaço. O abuso calórico cobra seu preço em sono perturbado e dificuldades gástricas. Têm crescido assustadoramente os casos de refluxo gástrico e desordens digestivas.
Acabando com a barriga!
Restrição calórica, uma fruta entre as principais refeições, diminuição no consumo de gorduras em geral, principalmente as saturadas e trans, mastigação intensa e exercícios aeróbicos como caminhada ao ar livre podem mudar o quadro de sobrepeso. Diminua as calorias embarcadas nos pratos abolindo sempre que possível o hábito de refogar os temperos.
Se não consegue ingerir comida não-refogada, faça com o mínimo possível de óleo, porque após o aquecimento há a oxidação quase completa dos ácidos graxos insaturados e poli-insaturados, transformando o óleo numa bomba dietética. O óleo adicionado à comida acrescenta de 20 a 30 calorias por porção, um percentual que não deve ser desprezado por aqueles que estão brigando contra a balança. Beba muita água e faça das frutas da estação suas principais aliadas. As frutas contêm água em abundância e micronutrientes fantásticos que auxiliarão você nessa luta por uma saúde mais resistente.
Acostume-se a consumir literatura sobre o assunto, disponível em excelentes sites. O espaço disponível aqui é muito pequeno para ampliar o assunto até uma discussão mais produtiva, mas a intenção é deixar um sinal de alerta para que você reflita sobre o tema com mais carinho.