Vale a Pena Ficar Mais Tempo Off-Line?
Essas pessoas aprenderam com a vida moderna que ficar mais tempo off-line pode ser a resposta para o fim da ansiedade, da depressão e de alguns estados mórbidos de saúde. Acompanhe!
“Vede, isto tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, mas ele buscou muitas invenções” (Eclesiastes 7:29). Assim que deixa o escritório do Google, em São Paulo, a primeira providência de Vinícius Malinoski é colocar o smartphone em modo avião — e o celular só voltará ao estado padrão no dia seguinte, quando o diretor do The Zoo, área de criatividade do Google, sair de casa para ir ao trabalho. Sem notificações nem a necessidade de chegar e responder às mensagens, Vinícius fica longe de interrupções e sentimentos como ansiedade, o que o ajuda a desestressar e a encontrar tempo para aproveitar momentos em que possa se fazer presente de maneira mais intensa.
“Percebi que era mais saudável não estar conectado o tempo todo, que precisava sair um pouco desse círculo virtual e aproveitar para relaxar”, diz. “Pelas manhãs corro, nado ou jogo tênis. Depois, vou de bicicleta até o trabalho, onde fico das 9 às 18 horas. Deixo 30 minutos do meu almoço para meditar e, à noite, depois de jantar com minha esposa, leio um livro ou estudo música”, conta.
O comportamento de Vinícius e de outros que, como ele, estão sentindo prazer em ficar longe da internet, já tem nome: JOMO, acrônimo de The JOy of Missing Out, o que significa algo como “alegria em ficar por fora”. Essa atitude, que surgiu dentro das empresas de tecnologia, é um contraponto ao FOMO (Fear Of Missing Out), que, segundo o dicionário Oxford, pode ser traduzido como “ansiedade gerada pela possibilidade da perda de um evento emocionante ou interessante que esteja acontecendo em outros lugares, muitas vezes despertada pelas redes sociais”. Basicamente, enquanto o FOMO representa o desespero em saber de tudo o que acontece no mundo digital e o pavor de ficar de fora de todo o burburinho das redes sociais, o JOMO vai no caminho contrário e estimula as pessoas a se desconectarem para que possam experimentar intensamente alguma coisa no mundo off-line. Essas são preocupações importantes em tempos atuais. Segundo a pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o Brasil conta hoje com 230 milhões de celulares ativos. Computadores, notebooks e tablets somam 180 milhões.
UM DRAMA ENTRE ADOLESCENTES
Quando decidiu restringir o acesso do filho ao computador, Mariana (nome fictício) observou um comportamento diferente daquele que o garoto costumava demonstrar. Então com 12 anos, ele se revoltava contra os pais quando era obrigado a ficar algumas horas sem usar a internet. Xingava, gritava e atirava objetos; parecia outra pessoa, segundo relato da própria mãe. “Ele tinha um ódio no olhar, ficava totalmente transtornado, não era mais aquele menino doce e carinhoso”, conta ela. Mariana decidiu procurar ajuda. Passou a participar de um grupo de apoio a pais de jovens viciados em tecnologia. Ao frequentar as sessões, coordenadas por profissionais do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, percebeu que o filho tinha um vício e conheceu outras famílias com o mesmo drama. O fenômeno, já percebido por alguns pais, está sendo investigado por uma pesquisa pioneira no Brasil. Um levantamento da Universidade Federal do Espírito Santo com mais de dois mil adolescentes, mostra que 25% são dependentes moderados ou graves da internet.
É esse impacto — segundo especialistas e pais de jovens — o principal indicador de quando o uso da internet se torna problemático. “É triste abrir a porta do quarto do filho, saber que ele tem a oportunidade de frequentar tantos lugares, mas vê-lo só enfurnado em casa”, diz a mãe. Outro reflexo da dependência tecnológica é a presença de transtornos mentais associados. Segundo George Nunes Bueno, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo, a proporção de jovens com sintomas de ansiedade no grupo de dependentes tecnológicos é o dobro da verificada entre os não dependentes (34% comparados a 17%).
IMPACTOS SOBRE A CARREIRA
Mas nem todos parecem entender a necessidade de se ter momentos de deleite fora da internet. A pressão por resultados, a facilidade de falar com subordinados e colegas em grupos corporativos do WhatsApp e do Telegram, e de acessar o e-mail do trabalho pelo celular, estariam dificultando o processo de desligamento por parte dos funcionários não só nos fins de semana e feriados, mas também nas férias. Uma pesquisa do LinkedIn realizada em 2018 demonstra isso. De acordo com o estudo, 70% dos consultados admitiram não se desligarem do emprego nas férias.
A prática de não aproveitar o período de descanso para se desconectar e recarregar as energias, apesar de comum, tem consequências bem negativas: estresse, ansiedade, queda do potencial produtivo, diminuição da criatividade e perda da capacidade de inovação. Foi o que percebeu a publicitária Cláudia Gambaroni, de 40 anos. Depois de meses vivenciando uma exaustiva rotina digital, sentiu que era hora de repensar seus hábitos e suas relações pessoais após um alerta feito por sua mãe. “Ela disse que, quando recebia minha visita, eu ficava apenas no celular. Era como se eu não estivesse ali. Disse-me que sentia falta da minha presença. Aquilo me fez refletir”, afirma a empresária. A mudança de comportamento ocorreu de forma mais dramática no primeiro momento. “Fiquei fora das redes sociais por quatro meses e passei a investir esse tempo em atividades físicas e a me dedicar a meus relacionamentos presenciais com amigos e familiares. Nos fins de semana, acesso a rede por apenas 15 minutos para ver coisas pessoais — e só”, diz Cláudia, que controla as horas que gasta na web após instalar um app para essa finalidade.
FIQUE ATENTO!
De acordo com o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do núcleo de dependências tecnológicas do instituto de psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil é o segundo país do mundo no ranking de navegação na internet. Segundo ele, cada usuário gasta, em média, 9 horas e 29 minutos por dia na rede; apesar de não haver um estudo que mostre o percentual de dependentes tecnológicos no Brasil, acredita-se que 10% deles estejam sujeitos a algum grau de vício em internet. Sinais de atenção — saiba se já é hora de dar um tempo na internet e nas redes sociais se:
· Você dorme com o celular embaixo do travesseiro ou na cabeceira da cama e acorda para responder às mensagens;
· Fica ansioso e angustiado quando percebe que a bateria está acabando e você não está com o carregador;
· Escuta o alerta de notificação e fica aflito para ler e responder rapidamente às mensagens;
· Flagra-se pensando em qual momento poderá mexer no celular novamente;
· Despreza atividades importantes para usar o smartphone e, no fim do dia, percebe que foi improdutivo;
· Tenta reduzir as informações que consome na internet, mas não consegue;
· Ignora momentos com familiares e amigos e põe em risco o emprego por não conseguir se desconectar das redes;
· Busca informações quando não precisa, muda de tela continuamente e se sente frustrado por não encontrar nada de interessante nessa busca contínua;
· Fica se comparando: acha que a vida dos outros é mais interessante e mais bem aproveitada que a sua.
FIQUE ATENTO COM ESSAS DICAS ESPIRITUAIS
A colheita será de acordo com a semente —“Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6:7). “Jeová, o Ser eterno, existente por Si mesmo, não criado, sendo o Originador e Mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito à reverência e culto supremos. Proíbe-se ao homem conceder a qualquer outro objeto o primeiro lugar nas suas afeições ou serviço.
”O que quer que nutramos que diminua nosso amor para com Deus ou se incompatibilize com o culto a Ele, disso fazemos um deus.” Se plantarmos incredulidade, se nutrirmos amor e apego por qualquer coisa acima do amor e apego que devemos a Deus, mesmo que seja pela internet, estaremos implantando um rival contra o Senhor dentro da alma, e teremos de colher as consequências ainda nesta Terra: diminuição da espiritualidade, desinteresse pelas reuniões da igreja, pelos amigos e familiares, pela leitura da Bíblia e indiferença para com as exigências divinas de modo geral.
Faça tudo para dedicar sua vida a Deus —“Todo aquele que se liga à igreja, faz por esse ato um voto solene de trabalhar pelos interesses da igreja e de manter esse interesse acima de toda consideração mundana. Sua obra é conservar viva comunhão com Deus, empenhar-se de coração no grande plano da redenção [...].”5Isso não quer dizer que é pecado se conectar, mas que existe uma linha tênue entre a conexão que não afeta negativamente sua vida e aquela que submete você a uma dependência contraproducente e desastrosa. Aprenda a usar todas as coisas, acima de tudo, para a glória de Deus.